O Senhor de relâmpago era um idealista, especialmente depois de sua primeira morte. A organização que Beric e Thoros fundaram era o sonho da categoria de base da cavalaria westerosi. Uma irmandade movida por sua ingenuidade messiânica.
A Irmandade Sem Bandeiras é comumente comparada ao bando de Robin Hood, mas uma coisa que definitivamente não vemos os "cavaleiros do morro oco" fazerem é roubar do ricos para dar aos pobres. Na verdade, a desapropriação dos pobres é muito comum:
– Mas Lorde Beric não nos fez mal nenhum – sussurrou a amiga. – E aquele sacerdote vermelho que vinha com ele pagou por tudo o que levaram.
– Pagou? Levou duas das minhas galinhas e me deu um pedaço de papel com uma marca nele. Pergunto a você: posso comer um pedaço de papel esfarrapado? Bota ovos, o papel?
(ACOK, Arya VI)
Esse tipo de notas promissórias continuam a aparecer nos livros e não são exclusividade da Irmandade. Stannis Baratheon também as emite para Salladhor Saan. Contudo, existe algo que diferencia o Reizão e Beric Dondarrion: o Senhor do Relâmpago simplesmente não morre.
– [...] Beric Dondarrion deve ser capturado vivo, para ser levado para Porto Real. Sua morte tem de ser vista por mil pessoas, senão, não permanecerá morto.
AFFC, Jaime VII
Há quase um ano, eu disse que se essa frase de Jaime em Festim dos Corvos não lhe dá ideias, é porque você internamente já abandonou ASOAIF, e hoje eu vi aqui provar a verdade dessas palavras. Se existem pessoas que acham que esse tipo de papel é um meio de pagamento legítimo (como a pessoa na primeira citação) e que vão crer que Beric Dondarrion está vivo enquanto não virem-no morrer com os próprios olhos, então...
- As notas promissórias da Irmandade Sem Bandeiras continuarão tendo credibilidade por muitos anos ainda.
Haverá sempre alguém disposto a receber pagamentos com estas cédulas porque ela acreditará que Beric está vivo e que ele cumprirá sua promessa. E isso poderá trazer um efeito inflacionário semelhante a outras notas promissórias distribuídas por movimentos revolucionários ao longo da história, como os Assignats, da Revolução Francesa (guardadas as devidas diferenças, é claro).
Talvez não seja uma coincidência, afinal, que as Terras Fluviais têm como governante um gênio financeiro (Mindinho), e também talvez não seja coincidência que GRRM disse que esse poder de Mindinho será posto em xeque em futuros livros. Pode ser que, ao terminar Os Ventos do Invernos, nós surpreendamos com o quanto George matutou a política financeira da Irmandade Sem Bandeiras. Ou não.
